Eleições em Angola: Festa no MPLA, insatisfação nas ruas

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Por DW

Enquanto o MPLA e o seu líder João Lourenço festejam a vitória, muitos angolanos contestam os resultados, nas redes sociais e nas ruas.

No dia do anúncio dos resultados definitivos das eleições gerais de 24 de agosto, houve um forte aparato policial em vários bairros de Luanda.

Espaços públicos como o Largo da Independência e o Cemitério da Santana estão interditos desde sábado (27.08), dia em que houve uma tentativa de manifestação contra os resultados das eleições divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE).

Esta segunda-feira de manhã, os membros do movimento Sociedade Civil Contestatária (SCC) pretendiam apresentar o seu “descontentamento” sobre “desenvolvimentos do processo eleitoral e a detenção de ativistas”, na sequência das eleições gerais. Mas a polícia ocupou o espaço e impediu aglomerações e até a presença de jornalistas.

Um polícia disse aos repórteres que “ninguém está autorizado a protestar”.

Detenções um pouco por todo o país

Segundo o ativista Feliciano Lourenço, os jovens contestatários estão a ser perseguidos.

“Por fazer parte e ter ideias ideológicas partidárias do MPLA, a Polícia Nacional interrompeu a conferência de imprensa. Houve detenções e agressões. Sou uma das pessoas agredidas”, disse.

Há relatos de detenções um pouco por todo o país. Segundo dados do Movimento Cívico Mudei, perto de 20 ativistas foram detidos. As detenções foram registadas nas províncias do Zaire, Uíge, Luanda, Malanje, Cuanza Sul, Benguela, Bié, Cuando Cubango e Moxico.

Várias pessoas terão sido detidas logo no dia anterior às eleições. O Movimento dos Estudantes Angolanos também diz ter muitos dos seus membros entre os detidos.

A coordenadora do “Mudei”, Aléxia Gamito disse à DW que, além das detenções, houve denúncias de ameaças de morte contra ativistas que exigem a verdade eleitoral em Angola.

“Em todo o país, ativistas do Movimento Cívico Mudei têm sido alvo de ameaças e perseguições. Falo principalmente do Bié, Cuando Cubango e Luanda, onde um nosso colega foi perseguido e recebeu uma ameaça de morte”, denunciou.

O “Mudei” endereçou uma carta aberta ao Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, denunciando estes atos.

Enquanto o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) festeja a quinta vitória eleitoral, nas ruas e nas redes sociais, as críticas ao processo não cessam.

O Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) pede medidas urgentes: “Defendemos que a CNE faça a recontagem dos votos para aferirmos, de facto, a verdade eleitoral, para a vontade dos jovens estudantes ser refletida”, disse Francisco Teixeira, presidente do MEA.

 

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