Cimangola 2: Trabalhadores ameaçam greve para contestar despedimentos arbitrários
Uma onda de protestos pode eclodir nos próximos dias, por descontentamentos contra a direcção de operações da Cimangola 2, segundo ameaçam, mais de 300 trabalhadores daquela cimenteira.
A representante da maior empresa pública líder em exportação, fora do sector petrolífero, situada na via expresso de Cacuaco, em Luanda, tem enfrentado nos últimos dias, várias contestações de trabalhadores que se dizem agastados com os maus tratos e despedimentos anárquicos.
A informação consta de uma carta enviada à redacção do Club-K, onde, são apontados o mexicano Armando Martinez e o seu adjunto colombiano Jesus Villarreal, como sendo os protagonistas de uma série de irregularidades, que, segundo a carta, acontecem sem o consentimento do presidente do conselho de administração, Pedro Pinto.
Os mais de 300 trabalhadores anunciaram para breve, uma paralisação geral a exigir esclarecimentos da direcção sobre os despedimentos arbitrários.
A confirmação foi feita a este portal por Alberto Fonseca, um dos responsáveis pelos trabalhadores que se dizem insatisfeitos.
Apesar de terem sido feitas recentemente melhorias nas condições salariais e promoções de carreiras pelo Presidente do Conselho de Administração da Cimangola, Pedro Pinto, alguns funcionários dizem-se estarem a ser “combatidos pela direção de operações” da referida empresa, por alegado delito de opinião.
Na carta denúncia, a referida direção é acusada de protagonizar uma série de despedimentos nos últimos dias, para manchar de forma dolosa o nome da representante maior da empresa.
Na carta, os trabalhadores contam que a Direcção de Operações da Nova Cimangola 2, tem procedido aos despedimentos sem o consentimento do PCA Pedro Pinto, para introduzir cidadãos estrangeiros no lugar de angolanos.
Das denúncias constantes da carta, são citados recorrentes maus tratos, humilhações e até actos de racismo protagonizados pelos referidos responsáveis.
Em causa, está uma suposta orientação de combate cerrado à liberdade de expressão a que muitos dos funcionários têm sido vítimas por reclamarem de práticas lesivas e criminosas.
Augusto Sefeko, um dos visados, conta que foi vítima de uma ação de racismos por parte de Jesus Vila Real em um episódio em que o mesmo questionava as razões de ser moralmente ofendido por se negar a trabalhar fora do seu horário laboral tendo sido chamado de “macaco e preto insignificante” revelou.
Arlindo Esteves Cassinda, outro funcionário que subscreveu a carta, refere que foi vítima de racismo já por parte de Armando Martinez após ter comunicado que estava em péssimas condições de saúde para trabalhar, tendo sido por isso, expulso da empresa injustamente e sido “cuspido na cara” seguido das seguintes declarações “vocês pretos não servem pra nada”, revelou.
A carta refere ainda que os mais de 300 funcionários têm sido vítimas de uma agenda subversiva e paralela a do Conselho de Administração com intenção única de manchar o nome do PCA Pedro Pinto, e enfatizam os proponentes, que o responsável máximo desconhece qualquer iniciativa desta natureza.
Outra denúncia é referente ao facto de esta direcção de operação liderada por Armando Martinez se posicionar contra a instituição de uma comissão sindical na Nova Cimangola como forma de garantir que estas práticas continuem.
Os trabalhadores revelam ainda, a existência de responsáveis com funções de Chefes de Turnos, Operadores de CCR e pessoal afeto à área de Estatística, formados nos EUA, China e Reino Unido, que pretendem abandonar a empresa fruto dos maus tratos protagonizados pela Direcção de Operações.
Receiam por isso, que a Nova Cimangola venha nos próximos dias, perder quadros angolanos de elevada qualidade e com um tempo de casa acima de 15 anos pelas razões acima referidas.
Alegam também, que a referida direção, tomou posse há mais de 2 anos, porém, nunca tiveram uma reunião com o pessoal da base.
Tendo em conta este cenário, os funcionários espelham na carta que dentro em breve vão divulgar “os negócios escuros de sobrefacturação” feitos sem a anuência do PCA Pedro Pinto.
Contactada a Direção da Cimangola 2, o seu responsável, German Carrilho garantiu se pronunciar nos próximos dias, tendo adiantado que o Presidente do Conselho de Administração, Pedro Pinto, não orientou qualquer processo de despedimento de nenhum funcionário, garantindo igualmente, apurar melhor a denúncia.
Refira-se que o actual Conselho de Administração tem levado a cabo programas de melhoria das condições de trabalho e dos trabalhadores, porém, os mesmos denunciam a existência de forças oponentes que têm dificultado o processo.
Club-K