Centro Policlínico da UPRA não paga salários aos funcionários há vários meses
O Centro Policlínico Universitário, designado por CEPOU, que funciona nas instalações da antiga Clínica Anglodente, no Distrito Urbano da Maianga, em Luanda, está a ser acusado de não pagar salários aos actuais e ex-funcionários.
A Empresa CEPOU, propriedade de Manuel João Fonseca, empresário angolano, também proprietário da Universidade Privada de Angola (UPRA) e accionista do Banco BIR, é acusada ainda de burla e práticas enganosas aos trabalhadores.
A instituição começou a funcionar em Janeiro de 2020, tendo empregado várias pessoas que trabalhavam e, passados vários meses, não receberam os seus salários.
Em denúncia avançada ao Club-K, os funcionários da referida empresa afirmam que, o proprietário da instituição, Manuel João Fonseca teria feito várias promessas ao colectivo de trabalhadores, justificando na altura que as verbas que serviriam para o pagamento de salários e outras dívidas do pessoal, estavam em numa das suas contas em Portugal, e que iria para Lisboa a buscar do tal dinheiro a fim de resolver o problema de atraso salarial.
“O senhor Manuel João Fonseca chegou a viajar para Portugal deixando os seus funcionários na aflição com vários meses sem salário, na esperança de que no seu regresso pagaria as dívidas”, contam os funcionários para quem após o seu regresso, tal promessa não se cumpriu, alegando que faria uma avaliação da empresa para posteriormente pagar os ordenados.
Dois meses depois, contam ainda os trabalhadores, Manuel João Fonseca decidiu afastar os trabalhadores e rescindiu os contratos com todos sem pagar nenhuma indemnização nem os salários em atraso.
Alguns trabalhadores optaram por recorrer à Justiça, mas lamentam que, há mais de um o caso não anda no Tribunal Provincial de Luanda, tudo porque, suspeitam, “Manuel João Fonseca é muito influente e consegue sempre esquivar-se da justiça”.
“Há um histórico de que, este Senhor tem muitos processos no tribunal sobre o incumprimento nos pagamentos de outros projectos seus, mas os tribunais não conseguem fazer nada porque o mesmo tem muita influência a nível do governo”, descrevem.
Os funcionários revelam que a empresa conta com uma nova directora, identificada por Luísa Pierre, uma cidadã congolesa com nacionalidade angolana adquirida. “Ela se recusa a falar com os trabalhadores e não demonstra intenção nenhuma de pagar os salários e as indemnizações das rescisões coletiva dos trabalhadores”.
Lembram que uma parte dos ex-funcionários chegou a fazer entrevista no programa “Fala Angola”, mas a entrevista não passou, “tudo pela influência que o mesmo tem no MPLA”.
“Que país é este que uma empresa faz despedimentos colectivos e não paga indemnizações nenhuma nem os salários em dividas?”, questionou um dos funcionários.
Os funcionários dizem-se agastados com a situação que já dura há mais de um ano e, por culpa disso, alguns funcionários têm dívidas com os bancos que têm gerado juros, por este facto, prometem para os próximos dias, a realização de uma série de manifestações defronte às instalações do Centro Policlínico Universitário (CEPOU), na Maianga, bem como na Universidade Privada de Angola (UPRA), promotora do CEPOU, em Talatona.
Os lesados apelam à intervenção do MAPTESS e de outras entidades competentes, a fim de verem os seus direitos salvaguardados e os seus problemas resolvidos, pois dizem, “existem nesse grupo pais e mães de famílias, que estão desempregados e necessitam do dinheiro que a empresa deve a fim de poderem sustentar suas famílias”.
“Não é justo que num país onde as famílias já enfrentam vários problemas sociais e económicos, surjam empresários aldrabões, que em vez de ajudar a melhorar a vida das pessoas, prejudica ainda mais”, lamentam.
Os trabalhadores prometem ir até ao “extremo”, caso a situação não seja resolvida brevemente.
“Tudo faremos para chamar atenção do Presidente da República, João Lourenço, para que situações do género, que violam direitos dos trabalhadores, não possam acontecer no país, uma vez que o governo angolano está numa luta de melhorar a vida das famílias”, prometem.