CAMPO DA MORTE: CASO N.º 32: EXECUTADO NO VELÓRIO DO AMIGO
VÍTIMA: Anderson Francisco Avelino Agostinho “Da Saia”, 22 anos, natural de Luanda
DATA: 5 de Dezembro de 2016
LOCAL: bairro da Bananeira, município de Cacuaco
OCORRÊNCIA:
Na noite de 5 de dezembro, Anderson foi ao velório de um amigo dar os seus pêsames. Juntou-se aos amigos, que se encontravam sentados na rua, à porta e junto à casa.
Por volta das 22h00, segundo depoimento do irmão Carlos Agostinho, um jovem chamou o Da Saia para uma conversa a sós e este afastou-se do círculo de amigos. Foi atraído para um sítio mais isolado, onde encontrou a morte. “Estavam uns indivíduos a beber, à civil, e um deles atingiu o meu irmão com dois tiros na cabeça e outro no peito”.
“O Garantia ‘Bad Langa’ testemunhou e identificou os assassinos como sendo operacionais da DNIC [SIC]. Ele conhecia-os bem e informou-nos. Em finais de Fevereiro, os indivíduos que abateram o meu irmão também eliminaram o Garantia”, revela Carlos.
Em liberdade condicional, Da Saia dirigia-se duas vezes por semana à Esquadra da Bananeira para assinar. Tinha sido libertado em Outubro passado, após sete meses de detenção “por ter espancado e aleijado um moço”, conforme depoimento do irmão. Em 2014, passou nove meses detido também “por luta”.
“No dia da sua morte, tinha estado na esquadra para assinar, e os investigadores disseram-lhe que era a última vez que assinava. Ameaçavam-no sempre que o matariam”, revela Carlos.
Depois do seu assassinato, a família recebeu a notícia de que Da Saia havia sido seleccionado para trabalhar na fábrica de detergentes Madar.
“Lutámos tanto para lhe arranjar um emprego. Infelizmente, não fomos a tempo”, lamenta o irmão.
Fonte: «O campo da morte – Relatório sobre execuções sumárias em Luanda, 2016/2017», Rafael Marques de Morais