Cafunfo transformado em “berço de matança de cidadãos”

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O Presidente da República, João Lourenço pediu, na semana passada, desculpas em nome do Estado angolano pelas execuções sumárias levadas a cabo após a alegada tentativa de golpe de 27 de Maio de 1977, tendo salientado que se trata de “um sincero arrependimento”.

*Jordan Muacabinza | Cafunfo
Fonte: Rádio Angola

Lamentavelmente, João Lourenço se esquece dos assassinatos frequentes que têm acontecido na província da Lunda-Norte, ignorando igualmente o massacre do dia 30 de Janeiro e 8 de Fevereiro, ocorridos em Cafunfo.

Os habitantes de Cafunfo, estão completamente revoltados devido a morte da cidadã, que foi arrancado sua vida pelo um efectivo do Serviços de inteligência militar Externa (SIME) das Forças Armadas Angolanas, numa altura em que o Presidente João Lourenço pede perdão pelos massacre de 1977.

Perante este perdão, a população da Lunda-Norte, aguardava que o Chefe de Estado se pronunciasse face os assassinatos de cidadãos nas zonas de garimpo, e não só, os acontecimentos do dia 30 de Janeiro de 2021, disto não se vê nem se percebe sobre o perdão.

Quando se trata de paredão, logo tem de se semear harmonia no seio da população, agora, o que se nota e muito diferente do que esta a se viver actualmente no país, pois se notam as mortes por execuções sumárias de cidadãos em todo país e a tropa do presidente continua a arrancar vidas humanas e, sobretudo na Lunda-Norte, e o assassinato da jovem de 14 anos, demonstra mais uma vez que Cafunfo está transformado em “berço dos crimes”.

O crime ocorreu no Bairro Mukenene, actual Gika Ngonga-Babi, na vila de Cafunfo, município do Cuango, onde o militar matou a tiro uma jovem adolescente de 14 anos de idade, sem qualquer crime que esta cometeu e chegar ao ponto de lhe arrancar a sua vida.

A pequena atendia pelo nome de Santa Manuel, natural do Cuango e residente no bairro Gika, arredores da Vila de Cafunfo, um militar bem identificado pelo nome de Joaquim Luís, que a atingiu com dois tiros no antebraço esquerdo, à noite de sábado, 29 de Maio.

De acordo com denuncia dos familiares, a Sandra estava em companhia de mais duas amigas, quando se dirigia a uma cantina para comprar pacotes de bolacha, uma vez que estava a cuidar dos seus irmãos menores em casa, já que os pais tinha ido à lavra.

O suspeito pelo assassinato (Joaquim Luís), é um militar destacado na 52.ª Brigada das FAA do (SIME), tendo interpelado “um maluco que não lhe respondeu”, minutos depois, o mesmo abordou mais um grupo de cinco jovens, nesta perspectiva, um grupo de quatro raparigas, que tinha saído da cantina a compra de bolachas, foi igualmente interpelado.

“Sem mais nada, o solado carregou a sua raiva e logo começou a gritar vou matar, vou matar, pelo que foi o suficiente para dispara contra à Santa, com dois tiros no antebraço esquerdo, e naquela mesma calada da noite uma equipa da Polícia Nacional entre outros ramos, levaram a vítima para o Hospital Regional de Cafunfo, e por voltas das 6h00, acabou por morrer devido aos graves ferimentos”, contam as testemunhas.

Os populares dizem que o militar Joaquim Luís, reside em uma casa arrendada no bairro Gika e “estranham o facto de no mesmo dia não estava de serviço o agente pertencente ao Serviço de contra Inteligência Militar”, aquém acusam de muito recentemente ter baleado a sua própria irmã, que sobreviveu.

O suspeito já se encontra a conta com a justiça, sendo que a vítima foi a enterrar na tarde desta terça-feira, 1, num dos cemitérios de Cafunfo.

Familiares da vítima clamam por justiça

A mãe da malograda, Sandra Manuel, disse que “não basta o oferecimento do caixão, sem olharmos conchas de frangos, nem óleo alimentar, ou seja, combustível, a vida da pessoa humana vale mais que tudo na vida, perdi minha filha, perdi todas minha força, porque com a minha velhice ela quem estaria a tomar conta das outras crianças”.

Pelo que “estamos a exigir que se faça justiça e que o autor seja responsabilizado pelo crime cometido”.

Para os activistas e defensores de direitos humanos, “é urgente a intervenção do Presidente da República, João Lourenço, para se acabar com os assassinatos da população nesta região do país”.

“Precisa-se também que o comité das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos, sem demora que levante sanções contra governo angolano sobre os acontecimentos de violação de direitos humanos, porque o que se entende o governo angolano não tem se importado com vidas humanas”.

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