BOLSEIROS ANGOLANOS EM PORTUGAL EM RISCO DE EXPULSÃO
Mais de 400 estudantes angolanos bolseiros pelo Instituto Nacional de Gestão de Bolsas (INAGBE) em Portugal estão em risco de serem expulsos das residências em que estão por falta de pagamento das rendas há mais de quatro meses.
Texto de Rádio Angola
São todos estudantes da Universidade da Beira Interior (UBI), em Covilhã, e têm até ao dia 12 de Julho como prazo final para pagamento das rendas atrasadas. O aviso dado pela gestão das residências universitárias é categórico em dizer que serão despejados imediatamente no dia seguinte, sexta-feira, caso não façam os pagamentos.
Para além das dívidas da residência, e em simultâneo, devem também à universidade as mensalidades pelos respectivos cursos, desde licenciatura ao doutoramento.
Contactado pelos estudantes e seus familiares, o INAGBE, em Luanda, alega já ter enviado os subsídios dos estudantes, e há muito tempo. Porém, o sector dos estudantes da embaixada de Angola em Portugal contraria a direcção do INAGBE. Os estudantes desconfiam que sejam os funcionários do sector da embaixada que estão a mentir.
“Desconfiamos que os homens do sector estejam a fazer negócio com os subsídios dos estudantes”, disseram. A desconfiança é sustentada com informações dadas por fontes de bancos em Lisboa. Segundo eles, o dinheiro das bolsas tem sido utilizado em aplicações bancárias, daí a dificuldade em retirar o dinheiro dos bancos.
“Fontes bancárias nos garantiram tal e vemos isso à medida em que quando reclamamos bastante ao ponto de ameaçarmos uma manifestação e comunicarmos aos media eles pagam na hora e dizem que é dinheiro emprestado e que estão a nos fazer favores”, contaram.
A responsável pelo INAGBE em Portugal, Maria Andrina Rescova, afirmou estar a tentar fazer um acordo com a direcção da UBI para pagar parcialmente as dívidas, ou seja, apenas as residências para que os estudantes não sejam expulsos.
“Ainda não se chegou a consenso, dado que somos mais de quatrocentos estudantes e a dívida é bastante avultada”, receiam. Mas ainda que se estabeleça um acordo, há estudantes que vivem em residências arrendadas fora da universidade, nos arredores de Covilhã, e estes continuarão afectados e em situação pior aos que estão nas residências universitárias.
Conscientes de que o dinheiro dos subsídios está a ser desviado pelos funcionários da embaixada, os estudantes programaram uma manifestação para amanhã, dia 13, à porta da universidade e com cobertura da imprensa para denunciar o esquema de roubo.
“Amanhã todos estudantes irão fazer uma manifestação com ou sem este acordo, protestando a forma corrupta com que se gere os subsídios dos estudantes. A manifestação ocorrerá às 15h com cobertura de alguns media portugueses”, disseram.
A continuidade da formação superior está comprometida para os estudantes angolanos, e não só em Portugal, pois gritos de socorro e denúncias têm surgido de vários onde o INAGBE enviou bolseiros.