BOCOIO: PROFESSORES OBRIGAM ALUNOS A TOMAREM MEDICAMENTOS

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Os alunos da escola primária na comuna do Monte-Belo, município do Bocoio, província de Benguela, foram obrigados, nesta quarta-feira, 4, a ingerirem comprimidos que lhes provocaram más reacções. Os encarregados de educação desconhecem a motivação dos professores. Sabe-se que tomaram Albendazol e Parazinquantel sob justificação de combater a tuberculose.

Texto de Pinto Muxima

Sem identificarmos pelos nomes, uma aluna de 12 anos de idade, explica que quem lhe deu o medicamento é a professora Paulina, sendo que esta foi orientada pelo director com o argumento de que tinham de tomar os medicamentos para prevenção da tuberculose.

A menina explica ainda que alguns colegas dela que sabiam da intenção dos professores desde o dia anterior fugiram, “mas nós que não sabíamos fomos trancados numa sala onde nos obrigaram a tomar os medicamentos”.

Outra estudante, de 14 anos de idade, que diz ter ingerido quatro comprimidos porque o director disse que tinham de tomar. Garante que recusou mas o director, sempre presente, insistiu dizendo que era necessário tomar aqueles “medicamentos para matar os micróbios na barriga”.

Afirma ainda que quando chegou em casa começou a sentir os efeitos dos medicamentos, como batimentos acelerados do coração, vertigem e vómitos. Outro rapaz, de 10 anos de idade, diz ter tomado um comprimido e metade. Como efeito, começou a sentir muita dor na barriga.

A população local encontra-se descontente com a direcção da escola. As vítimas, com idades entre os 10 e 14 anos, sentem-se mal pela situação.

José Martinho, especialista em medicina colocado no hospital municipal, afirma que sentiu a necessidade de se deslocar ao hospital local para constatar directamente com o responsável daquela unidade de saúde e saber quem teria dado a ordem aos professores de darem medicamentos às crianças. Martinho reprova a acção da escola e frisa que “não seriam os professores a distribuírem medicamentos, mas sim os próprios técnicos de enfermagem”.

“O Albendazol e Parazinquantel que deram às crianças dizendo que era para combater a tuberculose não combatem esta doença. Considero como um gravíssimo erro porque o medicamento que combate a tuberculose são os tuberculostáticos. Albendazol é anti vermicular e o Parazinquantel é um medicamento anti-sistozomiasíase, portanto, não se devia entregar assim. Mas os que estão a distribuir estes medicamentos não são profissionais da saúde, por pouca experiência que têm na área de saúde, provocaram estas preocupações colaterais dos próprios medicamentos, as reacções adversas dos medicamentos provocou danos nos organismos das crianças”, explica o especialista.

José Martinho afirma ainda que os culpados por essa situação não são os professores mas os responsáveis da saúde local que atribuíram esta competência a indivíduos sem competência em medicina. O especialista deixou um apelo ao ministério da Saúde no sentido de assumir a sua tarefa.

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