Benguela: Activista notificada pelo SIC diz que vai continuar lutar contra má governação e violação de direitos humanos
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A activista cívica de Benguela Sara Rafael foi notificada pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) para responder no processo que envolve vários populares desalojados no bairro das Salinas, em Julho deste ano, pela administração municipal de Benguela.
Fonte: Rádio Angola
Em entrevista concedida à Rádio Angola, a jovem activista, disse que a notificação resulta do processo aberto pelo Ministério Público, aquando da sua detenção no dia 12 de Outubro último, quando reportava em directo na sua página do facebook, aquilo que considerava “violação dos direitos humanos” por parte das autoridades policiais.
Segundo Sara Rafael, sendo activista e defensora dos direitos humanos, deslocou-se até ao demolido bairro das Salinas, onde na altura a população vítima das demolições decidiu voltar às suas terras (bairro das Salinas), pois achava que, o Magistério Primário – local onde as famílias foram realojadas “não oferece as mínimas condições de vida”.
“Na ocorrência, eu como activista dos direitos humanos fui ao local para testemunhar porque, nestes casos há sempre repressão policial, uma vez que a população desalojada decidiu voltar ao local saindo do Magistério Primário”, disse.
Posto no local onde já havia um grupo considerável das “famílias vítimas”, disse a também jurista, foi reportando em directo nas redes sociais (facebook) testemunhando o acto que acontecia.
“A polícia foi dispersando os populares com balas de borracha, gás lacrimogéneo, batia em idosos, crianças e mulheres grávidas, sendo que houve muitos desmaios”, contou à Rádio Angola.
A activista lembrou que, foi nesta ocasião em que foi detida com mais de 15 pessoas, que seriam levados a julgamento sumário que, segundo frisou, não aconteceu tendo sido conduzida com as demais pessoas à Penitenciária de Cavaco, em Benguela.
“No dia do julgamento não fomos julgados, tendo sido conduzidos à cadeia de Cavaco, onde dois dias depois fomos colocados em liberdade por insuficiência de provas, uma vez que o processo foi devolvido ao Ministério Público para a melhor instrução”, lembrou.
“Não posso estar indiferente enquanto houver má governação e violação dos direitos humanos”
Sara Rafael diz-se convicta que, o processo é político, porque segundo ela, visa proteger as elites de Benguela que têm interesses nos terrenos dos desalojados, daí a notificação para “intimidar a população a ter medo de lutar pelos seus direitos”.
Para a activista, apesar de estar arrolada no “processo do bairro das salinas” não vai desistir em defender os mais desfavorecidos.
“Enquanto me deparar com injustiças, desigualdades sociais, má governação e violação dos direitos humanos vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance dentro da legalidade para agir, não posso estar indiferente”, garantiu Sara Rafael.