Análise: COVID-19 realça o impacto da corrupção no sector público angolano

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Por VOA

A pandemia Covid-19 em Angola tem estado a destapar vários problemas sociais e económicos resultantes de alegados atos de corrupção praticados por alguns gestores públicos.

Na saúde, as lacunas são agora mais evidentes, dizem analistas, que criticam a continuidade de vícios antigos na gestão do Executivo liderado por João Lourenço.

Angola tem cerca de 1600 casos de Covid-19 e registou 70 óbitos.

Em entrevista recente à VOA, o Jurista Benja Satula afirmou que os procedimentos do actual Executivo continuam equivocados tal como no passado e, de forma ininterrupta provocam danos à população.

Para a directora-executiva do Observatório do Género, Delma Monteiro, a pandemia veio destapar e maximizar os problemas de vária ordem que já existiam no país. A realidade pandémica, diz a activista, é uma fotografia detalhada dos problemas sociais.

“O próprio contexto pandémico nos obrigou a tomar algumas medidas de restrições, que vão restringir direitos para limitar a proliferação da pandemia. Mas quando não temos condições para fazer esta limitação de direitos de forma adequada acabamos violando direitos”

O Especialista em sistemas de decisão, Alcides Simbo, julga que para uma melhor resposta à situação pandémica, em Angola deve haver uma reconciliação das autoridades políticas com os académicos.

Para o docente universitário, para além das medidas já estabelecidas, é importante a criação de condições de trabalho para que os investigadores das várias áreas das ciências contribuam na resposta no território angolano.

“O que se devia fazer é apostar na construção de infraestruras de investigação científica de referência, identificando zonas académicas onde temos quadros para irmos trabalhando”, com isto, diz o académico “estaríamos a marcar passos importantes tal como faz o Senegal” e talvez maior, uma vez o país tem a vantagem de acolher a floresta do Mayombe com diversas plantas que podem ser estudadas.

Analistas dizem que a corrupção e a impunidade rementem muitos angolanos à pobreza.

“As pessoas têm cada vez menos poder de compra. A sociedade vai aplacando por que vai ouvindo processos-crimes, muitos deles com muitos atropelos, e estão a ser usados para acalmar a fúria social, ” diz o jurista Banja Satula.

O risco desse desespero da populacao, diz Satula, é “resultar num colapso total com manifestações públicas em grande escala”.

O economista Alves da Rocha entende que fazer do combate à corrupção um programa de Governo é um erro, pois não se vai conseguir erradicar completamente.

Na actual forma de governação, diz o Director do CEIC-Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angolam “já se começa a notar situações em que determinados projectos de natureza pública são adjudicados sem concurso público. E uma das tarefas do João Lourenço era a transparência. Esta transparência tem deve existir seja em que circunstância for”, disse.

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