ALUNOS DA FACULDADE DE LETRAS DA UAN CONTRA NOVO PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO ESTUDANTIL

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Os estudantes da Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto decidiram manifestarem-se no passado dia 11 de Maio, sexta-feira última, contra o “novo corpo directivo da Associação dos Estudantes” daquela instituição. O protesto decorre já há três dias.

Texto de Pedro Gonga

Em causa está a preocupação apresentada pelos estudantes pela forma como a associação dos estudantes realizou as eleições no dia 9 de Maio do corrente ano. Nessas eleições, o estudante e candidato Miguel Lumbu, do quarto ano do curso de literatura e línguas africanas, foi o vencedor das eleições, até porque não teve opositor, o que lhe dava “vitória imediata”.

Segundo os estudantes manifestantes, a associação não deveria escolher apenas um candidato para concorrer às eleições, pelo que consideram esta atitude um “absurdo porque a associação não tem legitimidade para escolher nem impor quem deve e não deve candidatar-se”.

Falando para a Rádio Angola, João Muhanda Sutubico, estudante do segundo ano do curso de Filosofia da mesma faculdade, disse estar insatisfeito pela acção da comissão eleitoral devido à maneira como organizou as eleições. João Muhanda adiantou que já recorreram às “instâncias”, mas infelizmente não obtiveram sucesso até a data presente.

Já Júlio António Paciência, também estudante de Filosofia, reforçou que “a associação está a agir de má fé porque eleições pressupõe uma certa escolha e que seria um absurdo irmos às urnas com apenas um único candidato que nos foi imposto pela associação”.

Paciência apontou o recurso que os estudantes fizeram mas sem sucesso. “Já escrevemos para o decano da nossa faculdade mas infelizmente até agora não tivemos uma resposta”, lamenta.

Outro estudante de Filosofia, José Alfredo da Silva, também é da mesma opinião ao dizer que “as eleições que foram realizadas não cumpriram os parâmetros legais”, e que a data dessas eleições “os estudantes não reconhecem”. A data foi inventada pela associação, disse, e não foi comunicada com antecedência, de tal modo que “nem tempo o candidato que eles mesmo decidiram escolher teve para apresentar o seu programa de mandato”.

Os estudantes fizeram um abaixo-assinado onde todos os insatisfeitos com o modelo do pleito têm assinado para, em seguida, encaminharem à associação dos estudantes da Universidade Agostinho Neto, sendo esse “o órgão que responde pelos problemas de todas as faculdades, afim de solucionar o mais rápido possível o nosso problema”.

Muana Kua N’zambi, do curso de Literatura e Línguas Africanas, também partilha da mesma visão com os seus colegas. Disse que apenas querem “eleições justas e transparentes, onde não haja apenas um único candidato”.

Muana também espera uma outra postura por parte da associação. “Queremos uma associação séria, uma associação que luta em prol dos estudantes”, disse Muana, que vai ainda mais longe dizendo que “a associação nada tem feito em benefício dos estudantes, e a mesma age em seus próprios benefícios”.

Já Utukidi José Carlos, recém-licenciado em Ciências Políticas pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, que actualmente está a fazer a segunda licenciatura em Filosofia, disse à RA que está insatisfeito pelo “modelo em que essas eleições foram realizadas”. Para ele, eleições pressupõe multiplicidade de escolha.

“Se te darem apenas arroz, você não está a escolher, estão a te impor, e para que haja uma escolha é preciso haver alternativa, arroz e funge, ou A e B, aí sim, estarias a escolher o que você quer”, exemplificou Utukidi.

Utukidi, também conhecido como activista pelos direitos humanos, acusou ainda o candidato escolhido pela associação como sendo uma figura que representa os interesses do partido no poder dentro da instituição.

“O candidato Domingos é alguém que está ligado ao partido no poder, representa os interesses de um partido dentro da instituição de ensino, e nós entendemos que a associação dos estudantes não pode ter uma extensão de comité de especialidade dos partidos políticos, daí que esta é uma das razões que nos leva a protestar contra ele”, criticou Utukidi, que garantiu que o protesto está ser apoiado por estudantes de todos os cursos que da faculdade.

Utukidi Carlos lamenta o facto de até ao momento a comissão eleitoral não ter publicado os resultados, que para Utukidi demostra um fracasso das eleições, pois “quarenta e oito horas depois das eleições os resultados devem ser divulgados, mas até agora não dizem nada”. Utukidi destacou que “enquanto a associação não mudar a linha de pensamento, as manifestações irão continuar”.

“Até agora ainda não divulgaram as eleições, e mesmo que eles divulguem dando vitória ao Miguel Lumbu nós não iremos reconhecê-lo, porque nós não o votamos, e mais, o tempo da publicação dos resultados já expirou, o que quer dizer que essas eleições estão anuladas, e se a associação não recuar, nós também não iremos recuar”, concluiu Utukidi.

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