ADOLESCENTES CONTINUAM A ESTUDAR NO PERÍODO NOCTURNO
A ministra da Educação, Cândida Teixeira, tranquilizou as famílias com filhos nessa condição com a informação de que o Governo vai construir mais escolas, de modo a corrigir esta falha
Adolescentes, com idades entre 13, 14 e 15 anos, continuam a estudar no período nocturno, em Luanda, devido à escassez de estabelecimentos de ensino do I Ciclo do ensino secundário que leccionam a 7ª classe, situação que tem concorrido para que muitas alunas sejam abusadas sexualmente à saída da escola.
A ministra da Educação, Cândida Teixeira, disse que o problema que leva muitos adolescentes a estudar no período nocturno “se mantém”, porque, infelizmente, “ainda não foram construídas mais escolas”. “É uma preocupação que o Executivo tem”, advogando que existem planos “ e nada que o tempo não ajude a resolver”, frisou.
Ao falar para jornalistas na sexta-feira, em Luanda, durante o lançamento do projecto “Rota da Cidadania”, da UNESCO, a titular da pasta da Educação tranquilizou as famílias que têm os filhos nessa condição alegando haver um programa ambicioso do Executivo para a construção de mais escolas a nível nacional.
“Com a construção dessas escolas, de certeza que a situação será resolvida”, concluiu a governante. A situação já se arrasta há um tempo. No ano passado, o Jornal de Angola publicou uma reportagem na qual deu a conhecer a existência de crianças a estudarem de noite, na escola 1009, também conhecida como “17 de Setembro”, no distrito urbano da Samba.
Ouvido na altura, na qualidade de director nacional do Ensino Geral, Pacheco Francisco, hoje secretário de Estado para o Ensino Pré Escolar, justificou o facto de haver no país muitas escolas do ensino primário e poucas do primeiro ciclo do ensino secundário. Em seu entender, o facto de o número de escolas do ensino primário não ser proporcional ao do primeiro ciclo do ensino secundário concorre para este quadro em Luanda.
Pacheco Francisco disse que o número de alunos que terminam a 6ª classe é superior à capacidade das escolas do primeiro ciclo do ensino secundário, nas quais se lecciona a 7ª classe.
O psicólogo Fernando Manuel, convidado nessa altura para comentar o caso, referiu que a existência de crianças a estudar à noite pode provocar danos graves à saúde a médio ou longo prazos.
Fernando Manuel asseverou que os menores estão ainda na fase de desenvolvimento, pelo que, estudando à noite, podem apresentar graves problemas emocionais no futuro, por serem pessoas que ainda se encontram numa fase de desenvolvimento do ponto de vista cognitivo, psicomotor, emocional e social.
Fonte: Jornal de Angola | César Esteves