Administrador do Cazenga usurpa empreendimentos de munícipes
Fonte: Radio Angola
Vários cidadãos acusam o administrador municipal do Cazenga Vítor Nataniel «Tany» Narciso de encerrar ilegalmente espaços comerciais de que são proprietários há muitos anos. Os empreendimentos comerciais estão localizados perto do mercado Asa Branca, 5.ª avenida, Luanda.
Manuel Mendes, um dos queixosos, conta à Rádio Angola que ficou surpreendido quando foi informado sobre o encerramento procedido por funcionários da administração local sem qualquer notificação. Como habitual, agentes da polícia nacional acompanharam o processo e fizeram recurso à violência contra os trabalhadores de Manuel Mendes.
“O administrador deveria nos ter notificado, não tomar medidas coercivas ao ponto de bater e até prender um dos meus funcionários. E assim todos eles meteram-se em debandada, tiveram que abandonar o estabelecimento. Os funcionários da administração pegaram cadeados e fecharam o estabelecimento”, diz Manuel Mendes.
O terreno onde está construído o empreendimento de Manuel Mendes lhe foi cedido pelo Governo Provincial de Luanda em 1999, afirma, e começou a desenvolver as actividades comerciais no ano seguinte. Os documentos que tem provam exactamente isto.
Com outros lesados, Manuel se deslocou à repartição municipal do Comércio, onde reuniram com o administrador para a área técnica, director do comércio local, comandante municipal da polícia e dos bombeiros, e lá foram informados que 40 por cento dos lucros obtidos das vendas em cada estabelecimento deveria reverter a favor da repartição do Comércio.
“Não concordei porque ficaríamos com 60 por cento e não faríamos nada com este valor, pois temos empregados, limpeza e outros serviços”, explica. Manuel Mendes propôs que fosse 20 por cento, mas os funcionários público “não disseram sim nem não”.
Passados semanas, Manuel deslocou-se à administração municipal para reivindicar o facto de não lhe ser entregues fichas que permitem a actividade comercial. Na instituição, foi enviado ao gabinete jurídico onde foi informado que o seu espaço seria colocado em concurso público, pelo que deveria cessar qualquer actividade em prol do mesmo. Imediatamente Manuel Mendes teve de ser hospitalizado, pois a glicémia e a pressão subiram para níveis altíssimos.
António Surdo é outro proprietário dum empreendimento comercial na mesma localidade. Denuncia a exigência feita pela administração municipal de renunciarem a propriedade e passarem a apresentar-se como arrendatários apenas. “Não pode. Isto está a me deixar muito revoltado”, desabafa.
Também com o mesmo problema está Mário Fernandes, filho do soba da comuna do Tala Hady e gestor do espaço comercial do pai, lamenta não terem sido contactados previamente pela administração municipal e acusa de burladores os funcionários que actualmente desapropriam a padaria e dois armazéns da família.
Mário conta que “uma jurista de 26 anos sem respeito” a mando de Tany Narciso transmitiu à sua idosa mãe que deveria abandonar os espaços comércios para beneficiar a administração. O estado avançado da idade não permitiu suportar a notícia e a idosa caiu de trombose, tendo permanecido três meses em coma no hospital militar.
“Isso é realidade. Ficou internada durante três meses em coma por causa do senhor Tany Narciso”, deplora.
Parceiros fiéis e antigos militantes do MPLA, Mário Fernandes conta que a sua família é de antigos combatentes e ex-presos políticos, bem como tem ajudado a administração municipal, e aponta como exemplo a cedência dum terreno para construção da esquadra policial nos arredores e uma das vítimas ora da acção do administrador é quem fez os blocos que serviram para erguer a referida esquadra.
“Esta mesmo polícia é que vem ainda nos coagir a mando do senhor Tany Narciso que teve a cara de pau de dizer à minha mãe ´quem é a senhora Luzia, a senhora Luzia não é nada´. Isso levou a minha à trombose”, afirma.
Os lesados apelam que a administração faça a restituição dos seus bens imóveis que actualmente estão ocupados por indivíduos sob orientação directa do administrador do mercado Asa Branca. Os vários pedidos de audiência formalmente feitos não foram respondidos pelo administrador.