ADMINISTRAÇÃO DO MOXICO VENDE JARDIM PÚBLICO PARA CONSTRUÇÃO DE QUIOSQUES

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O administrador municipal do Moxico, Waldemar Salomão, é acusado de ter vendido o jardim público defronte a unidade da polícia de trânsito para construção de uma rede de quiosques em detrimento de espaços de lazer.

Texto de Rádio Angola

O referido jardim, denominado Praça do Ambiente, constitui património público, pelo que a modalidade de alienação para a esfera privada deveria ser mediante um concurso público. Questionado, o administrador reconheceu não ter organizado um concurso público para o efeito por se tratar de “algo experimental”.

Questionamos também pela identidade dos proprietários mas apenas avançou que “a obra é de um grupo de jovens empreendedores que solicitaram-lhe no sentido de autorizar a construção de quiosques nestes espaços”. Outros munícipes alegam que o projecto é mesmo do administrador, “por isso tem dificuldade em dizer o nome do proprietário”.

Fachada principal do jardim vedado

Está previsto a instalação de um cyber-café, loja de material informático, sala de informática, livraria e um pequeno restaurante, conforme lê-se no cartaz colocado na obra e informações de populares. Valdemar Salomão acrescentou que faz parte do projecto a reabilitação do que restar do jardim.

Vejamos, porém, quais são as empresas ligadas ao projecto. A construtora José Fernando & Fialho é uma típica empresa angola, ou seja, “faz tudo”, até serviço de carpintaria, de acordo com o seu registo, lavrado em Diário da República n.º 182, de 29 de Setembro de 2016, em Luanda. Os donos são José Domingos Fernando e Romário Gonçalves Fernando, proprietário com dez mil dos cem mil Kwanzas de constituição da empresa.

Carlos Lucendo | Foto: DR

O “patrocinador oficial” da obra, sem sabermos se isso significa ser dono do projecto, é Carlos da Costa Lucendo, cidadão que usa o seu nome na firma individual. É conhecido como “grande corrupto e amigo de todos os políticos da província”. Os munícipes disseram ainda que Carlos Lucendo “tem estado a receber obras sem passar em concursos públicos”.

Ao telemóvel, insistimos ao administrador quanto a ilegalidade do acto. Reconhecendo que agiu mal em entregar o espaço sem procedimento público, prometeu embargar a obra ainda hoje. Porém, até ao momento em que publicamos esse artigo não se verificou tal pretensão.

EXIGÊNCIA DE EXONERAÇÃO

Uma carta aberta está a ser subscrita por dezenas de jovens do Moxico com o propósito de entregar ao governador provincial, Gonçalves Muandumba, a exigir a exoneração do administrador municipal do Moxico, Waldemar Salomão.

Waldemar Salomão | DR

Na carta, os subscritores dizem: “Os cidadãos e cidadãs moradores da cidade do Luena, que trabalham arduamente para conseguirem pagar impostos e taxas para ter acesso aos serviços de qualidade a fim de garantirem uma vida condigna e sadia, mostram-se agastados e reuniram várias assinaturas no sentido de exigirem a exoneração imediata do senhor Waldemar Salomão do cargo que ocupa de Administrador Municipal do Moxico”.

Dentre as razões que dizem ser por “incompetência técnico-administrativa”, apontam três, nomeadamente, a falta de recolha de lixo no município, falta de iluminação pública, excesso de burocracia nos serviços administrativos.

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