ACTIVISTA ESCREVE AO GOVERNADOR DA HUÍLA EXIGINDO ENERGIA ELÉCTRICA
CARTA ABERTAAO SENHOR GOVERNADOR PROVINCIAL DA HUÍLA, LUÍS MANUEL DA FONSECA NUNES.
Excelência, queira por favor receber as minhas mais alegres saudações na esperança de estas pequenas linhas o encontrarem com um sorriso no rosto, como gosto que as pessoas fiquem todos os dias.
Desde o último encontro aos 23 de Outubro de 2018 com o senhor, as outras tentativas de contacto posteriores, foram sem sucesso mergulhadas num silêncio preocupante e motivador das presentes palavras.
Como é do conhecimento, sou morador do bairro da Mukanka, um bairro que à semelhança da Tchavola, Kuawa e Mutundo, foi esquecido e atirado à sorte apesar de viverem angolanos e angolanas com os mesmos direitos (?) e deveres nessa nação. No Bairro da Mukanka, vivem famílias que sonham, vivem crianças que estudam, vivem pais que trabalham por esta Angola e vive um povo [que] também quer ver o Lubango, a Huíla e Angola a crescer de forma igual. Mas, nos últimos tempos as notícias que recebemos não nos têm sido agradáveis aos ouvidos, mas, na luta pela informação verdadeira, não há algo mais aborrecido que especulações…
Recentemente o Administrador Comunal da Arimba deslocou-se ao bairro para dar informações que nas entrelinhas percebemos que só nos vão tentar acudir o problema da energia eléctrica no FUTURO ano de 2022. A fazer as contas, nas próximas eleições legislativas. Será essa a informação oficial do Governo Provincial da Huíla para o nosso bairro? O silêncio entendido como arrogante por parte da Administração Municipal do Lubango e do Governo Provincial levam-nos a crer que só vale o nosso bairro para o voto, num possível engano de resquícios de esperança em véspera eleitoral.
Entrando à segunda quinzena do mês de Abril, o mês da paz, continuamos na guerra pela esperança de um dia termos energia eléctrica no nosso bairro. Passou o primeiro trimestre do ano, desde a última palavra de promessa do Senhor Governador, não tivemos mais nenhuma luz, nem no poço, nem no fundo do túnel que nos pudesse fazer crer que realmente há vontade de se acudir às necessidades do nosso bairro, com destaque à falta de energia eléctrica.
Acompanhamos com tristeza o tratamento desigual a que fomos submetidos quando o condomínio dos CFM na Mukanka foi beneficiado com toda a velocidade com a instalação de um posto de transformação apesar de ser no mesmo bairro… Porquê que não merecemos os privilégios de um povo digno? Que tipo de angolanos somos, para sermos esquecidos mesmo estando no mesmo lugar? Quando é que seremos contemplados com, pelo menos, a digna visita de Sua Excelência ao nosso bairro e constatar in loco os problemas que enfrentamos?
Comprar um litro de gasolina a 200 Kwanzas quando o preço oficial é 160 Kz é, como dizemos na gíria, para quem tosse e cospe. E certamente essas pessoas que tossem e cospem não somos nós. Ninguém aguenta tanto sofrimento e falta de energia eléctrica é um elemento de pobreza, de sofrimento, principalmente quando se está a entrar na terceira década do século XXI mas os problemas continuam a ser os da idade da pedra. Lubango não é só a Lage, Senhora do Monte ou Minhota. Lubango é também um povo que quer ser feliz sem precisar deslocar-se para o bairro Comercial só para guardar o peixe que vai comer no domingo ou carregar o telefone, ou planificar o trabalho… Nós queremos ser filhos, porquê que nos querem fazer enteados? Que mal fizemos? Enfim…
Ainda esperamos ansiosamente pelo dia em que Sua Excelência irá ao nosso bairro e nesse dia, prometo vestir a minha roupa que considero mais linda… para vos receber e juntos pensarmos na solução do nosso bairro, porque governação que não se reflecte positivamente na vida dos governados, é novela e de novelas, a ZAP já está cheia…
Por enquanto, como ao preambular, reitero as minhas calorosas saudações.
Atentamente
Manuel das Mangas
(Morador do Bairro da Mukanka)