A governação confusa de Lourenço – Nelson Francisco Sul
Por Nelson Francisco Sul
O Presidente João Lourenço criou, nesta quarta-feira (27), uma estrutura com a missão de lhe prestar “informações fidedignas e oportunas”, noticia o Novo Jornal online, num artigo assinado pela jornalista Sandra Bernardo.
A Unidade de Monitorização e Acompanhamento de Projectos do Executivo, abreviadamente UMAPE, será dirigida pelo ministro de Estado para a Coordenação Econômica, Manuel Nunes Júnior, um conhecido servidor público cujas previsões de crescimento e da diversificação da economia redundaram sempre em fracasso.
Nunes Júnior é, aliás, um dos teóricos que colocavam Angola à margem da crise mundial de há alguns anos. Só quando José Eduardo dos Santos fez soar o alarme, admitindo o óbvio, ele e outros foram obrigados a guardar a “viola”.
Em linguagem terra a terra, esta unidade representa, um cartão amarelo aos Serviços de Inteligência e a todos os organismos do aparelho do Estado e governativo, incluindo os assessores do próprio chefe de Estado. Significa, já agora, que não são instituições e entidades serias. É o cúmulo.
Lourenço deve urgentemente definir que tipo de governação pretende e, desde já, começar a pensar como pretende ser lembrado quando abandonar o Palácio da Cidade Alta.
Recordemos aqui as palavras do escritor Jacques dos Santos: “se quiser mesmo levar o barco a bom porto, tem de fazer mudanças radicais, tem de fazer um corte definitivo com o passado. Sem remendos”.
E concluo: o problema não está nas instituições. O problema está no “copy paste” das políticas do eduardismo numa governação com as mesmas pessoas que levaram Angola à situação em que nos encontramos.