MÉDICOS FICAM DOENTES COM AS CONDIÇÕES DOS HOSPITAIS

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Todos os profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros, destacados nos hospitais públicos, padecem de doenças psicológicas e físicas, provocadas pelo excesso de doentes e de horas e trabalho, denuncia o presidente do Sindicato dos Médicos de Angola. A falta de condições nos hospitais entra também nas contas sindicais.

Excesso de doentes, elevada carga e excesso de horas de trabalho, cansaço, falta de condições de trabalho e de equipamentos, baixos salários, entre outros, são alguns dos factores apontados pelo Sindicato Nacional de Médicos Angolanos (Sinmea) como estando a contribuir para o surgimento de doenças psicológicas e físicos que se registam entre profissionais de saúde, de médicos a enfermeiros, destacados nos hospitais públicos. A denúncia foi feita ao NG pelo presidente do Sinmea, Adriano Manuel, que aponta os principais males destes profissionais: ‘stress’, cansaço, hepatites e tuberculose, doenças provocadas pela subcarga de trabalho, por causa do elevado número de doentes atendidos diariamente.

Adriano Manuel, com a especialidade de pediatria, classifica a situação dos hospitais como “grave e preocupante”. Só no banco de urgências do hospital pediátrico ‘David Bernardino’, em Luanda, são atendidas, por cada equipa constituída por oito a 11 médicos, entre 380 e 450 doentes por dia. Ou seja, feitas as contas, cada médico atende 41 doentes por dia, isto “influência para que o trabalho prestado não seja de qualidade”, conclui o líder sindical.

O número de enfermeiros para prestar apoio a este grupo de 11 médicos é “inferior”. O grupo é acompanhado por apenas cinco ou seis enfermeiros, o que “condiciona a distribuição dos medicamentos aos pacientes, porque muitos cam sem ser medicados”.

Os médicos, por cada turno, fazem, em média, 32 horas de serviço. Quando entram às oito horas de um dia, para fazerem o turno de 24 horas, terminado o turno às oito horas do dia seguinte, ainda terão que fazer outras oito horas de serviço e terminam apenas às 16 horas.

“Quando chegamos a casa, é um cansaço terrível, ficamos desgastados e esgotados, tanto psicológica como fisicamente”, desabafa o responsável sindical, que tem compilado números de casos de esgotamento ou de médicos que contraíram doenças.

Por exemplo, em 2016, na pediatria do ‘David Bernardino’, houve sete médicos que contraíram tuberculose. Ainda hoje, há médicos com hepatite B e outros com problemas “graves de saúde provocados pela carga horária e de trabalho”. Adriano Manuel não tem dúvidas de que alguns problemas psicológicos de que padecem os profissionais foram provocados pelo “impacto” de verem morrer doentes, cujas doenças são “facilmente curáveis” se as condições de trabalho fossem “dignas”.

O líder sindical recorre à definição do que é ter saúde, determinada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é a “existência de bem-estar físico e psicológico”. Daí conclui que “todos os médicos angolanos, sobretudo os do Sistema Nacional de Saúde público, estão doentes”, reforça.

Adriano Manuel garante que, se a situação for analisada, olhando para a periferia das cidades, “o problema ainda é mais grave, tendo em atenção a existência ou inexistência de médicos e a falta de condições de trabalho, de meios de diagnósticos, de material gastável, de laboratório e de imagem, o que motiva a transferência dos doentes para os grandes hospitais”.

O NG tentou a todo custo realizar o cruzamento das informações com o Ministério da Saúde, mas, depois de intensos esforços, não obteve respostas da responsável do gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa, Clementina Silva, apesar das inúmeras promessas feitas. Também não foi possível obter um depoimento da Ordem dos Médicos, instituição que regula a profissão em Angola

A 25 de Setembro, celebrou-se o dia Nacional do Trabalhador da Saúde, em homenagem ao médico Américo Boavida, falecido em combate num aquartelamento do MPLA no Moxico, quando participava na luta pela independência, a 25 de Setembro de 1968.

Ministério ‘mudo’ diante das exigências

Melhoria das condições de trabalho, de salários, enquadramento dos médicos fora do sistema de saúde, definição de seguro de vida dos médicos, criação de condições de habitabilidade para os médicos que trabalhem em zonas recônditas são algumas das reivindicações que constam de um caderno enviado pelo Sindicato Nacional de Médicos Angolanos ao Ministério da Saúde.

O sindicato realça que não há planos, para já, de convocar qualquer greve, mas se o Ministério da Saúde continuar “no silêncio”, admite, com base numa decisão da assembleia dos membros sindicais, poder ser efectivada.

Huambo: Centro segurança dentro de seis meses

Dentro de seis meses, o Huambo poderá ter um Centro Integrado de Segurança Pública. A primeira pedra para sua construção foi lançada esta semana pelo secretário de Estado do Interior para o Asseguramento Técnico, Hermenegildo Félix. O responsável informou que a infra-estrutura poderá congregar as forças de segurança pública, emergências médicas e os bombeiros.

O empreendimento poderá ser uma unidade de apoio aos serviços de segurança, com vista a responder melhor às situações de emergências, como a criminalidade, assistência médica e calamidades naturais. O centro será equipado com meios tecnológicos modernos, permitirá que as chamadas efectuadas pelas vítimas sejam georreferenciadas, para melhor identificação da localidade onde se encontram.

O projecto prevê outros equipamentos que poderão garantir o funcionamento integral, entre os quais a instalação, em pontos críticos da cidade, de câmaras de videovigilância e de rastreio de veículos.

Fonte: Nova Gazeta | André Kivuandinga

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