MANIFESTAÇÃO EM LUANDA CONTRA LAVAGEM DE DINHEIRO
O parlamento angolano prepara-se para aprovar uma lei que autoriza todas as pessoas que se apropriaram e desviaram dinheiro ilicitamente e o colocaram fora do país a trazerem-no de volta sem quaisquer consequências jurídicas.
Texto de António Raimundo
Na sequência do mesmo, jovens sem filiações partidárias programaram uma manifestação pacífica e ordeira para o dia 17 de Março, sábado, às 10 horas, no largo da Independência, com vista a exigir que o repatriamento seja directo aos cofres do Estado para proveito da população, ao contrário do previsto em que aponta para a permanência dos mesmos valores com quem os desvios outrora. A lei é de iniciativa do presidente da República João Lourenço, enquanto chefe do Executivo, que conta com a aprovação da esmagadora maioria do seu partido MPLA.
O lema reflecte o mote da manifestação – “Devolvam ao Estado o dinheiro roubado”. “Tratando-se de dinheiro roubado aos angolanos, é fundamental que esse dinheiro regresse e seja devolvido ao Estado e empregue, de modo transparente, em projectos de desenvolvimento social, educação e saúde”, lê-se no manifesto divulgado.
Alertando para o risco de o Estado angolano ser transformado numa “gigantesca lavandaria de dinheiro” por legalizar o dinheiro roubado por quem, ao ser aprovada a lei, deixará de ser considerado ladrão do erário. “Caso o dinheiro volte e permaneça nas contas de quem o roubou, o Estado angolano estará a legalizar um acto ilícito, a caucionar o roubo e a transformar Angola numa gigantesca lavandaria de dinheiro”, adiantam os promotores da manifestação.
Os jovens realçam que essa manifestação é um exercício de cidadania e “as pessoas vão lá a partir do momento em que se revejam na causa”, acrescentando que “quem for, melhor e quem não for é livre de optar por essa via até porque nós apregoamos a liberdade”.