INTERNAUTAS EXIGEM DEMISSÃO IMEDIATA DE ZENÚ DO FSDEA
Numa sondagem que durou mais de um mês, a Friends of Angola, organização cívica angolana com sede nos Estados Unidos da América e proprietária do projecto Rádio Angola, questionou os usuários da rede social Facebook com domicílio no país se José Filomeno dos Santos (Zenú) deve abandonar imediatamente a presidência do Conselho de Administração do Fundo Soberano de Angola. Em resposta, mais de 80 por cento dos participantes disseram «sim».
Zenú dos Santos é PCA do Fundo Soberano desde 2013, altura em que foi nomeado pelo pai José Eduardo dos Santos, então presidente da República. Gerindo cinco mil milhões de dólares, Zenú é o “guardião do cofre” estatal responsável pelos remanescentes da venda dos derivados do petróleo, em tese, e tem como objectivo “promover o desenvolvimento socio-económico do país e criar património para as gerações futuras”, ao qual Zenú fazia questão de acrescentar, ao Expresso, de Portugal, que o grande objectivo “era melhorar cada vez mais a vida da população em geral e, deste modo, ir reduzindo as assimetrias”. A vida dos angolanos nunca melhorou ao longo dos cinco anos de existência do fundo. Pelo contrário.
O primeiro presidente do FSDEA foi Armando Manuel, que no ano seguinte, 2013, foi nomeado ministro das Finanças. É assim que Filomeno dos Santos, com 35 anos de idade, ascende pela mão do pai-presidente a todo-poderoso do fundo.
Zenú é bastante próximo de Jean-Claude Bastos de Morais, o suíço apontado como o maior beneficiário dos desvios do fundo e visado no escândalo mundial dos Panama Papers. O filho discreto de José Eduardo tem resistido à avalanche de exonerações levadas a cabo pelo novo presidente da República, João Lourenço, que nesta semana chegou ao ponto de exonerar alguém que está morto desde 2015.
Chegou a circular uma “fake new”, usando a palavra que a irmã, Isabel dos Santos, tem usado sem citar a fonte – Donald Trump – que anunciava a exoneração do Conselho de Administração do FSDEA. Rapidamente Zenú emitiu um comunicado desmentindo a exoneração.
“O Fundo Soberano de Angola (FSDEA) gostaria de abordar os falsos rumores que têm circulado numa determinada secção dos media sobre a demissão do PCA do FSDEA, José Filomeno dos Santos. O Fundo Soberano de Angola vem por este meio declarar que tais rumores são completamente falsos”, lê-se no comunicado. Não foi desta!
Entretanto, Zenú dos Santos, à igualdade do que faz a “mana Belita”, estendeu-se no esclarecimento com uma exposição do que o fundo tem feito desde que ele mesmo assumiu a chefia. “Em termos de divulgação, o FSDEA foi autorizado pelo Ministério das Finanças de Angola a adoptar as Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS), em 2015. Em 2016, o Fundo tornou-se na primeira instituição angolana totalmente comprometida com o nível de rigor e transparência exigido pelas IFRS”, finaliza.
O certo é que, in loco, os investimentos que Zenú diz ter sido feito pelo fundo não têm reflexo na sociedade angolana que propala ser o principal destinatário.
Em suma, o comunicado visa deixar claro o seguinte: Zenú não se vai demitir do cargo. Assim, resta ser demitido, como exigem os internautas, sendo que apenas 10,1 por cento votaram pela permanência.