Bispo de Benguela pede medidas contra corrupção para eliminar assimetrias
Por VOA
Economista Alves da Costa lembra que Angola lidera o índice da desigualdade
Num apelo à protecção dos pobres na legislatura que agora começa, o bispo da Diocese de Benguela, Dom Eugénio Dal Corso, associa as assimetrias à corrupção em Angola, responsável por debilidades na saúde e falta de alimentos e de infra-estruturas.
Após ter acompanhado uma declaração do reconduzido governador provincial, Rui Falcão, nesta segunda-feira, 2, o sacerdote revelou que as autoridades devem administrar os recursos sem pensar em interesses pessoais.
A pobreza extrema, fenómeno que afecta mais de 60 por cento da população angolana, levou o bispo Eugénio Dal Corso a olhar para a corrupção como causa para a existência de estradas esburacadas, más condições de saúde e falta de alimentos para os cidadãos vulneráveis.
“Se os recursos são bem administrados, o povo vai estar bem, Angola acaba por ser um grande país. No Bispado, todos os dias recebemos cem pessoas a pedir comida, sem saber onde tirar dinheiro. Há realmente essa assimetria e, sem querer julgar ninguém, até porque é Deus quem julga, devo dizer que muitas vezes tudo isto encontra base na corrupção”, adverte o bispo.
A questão das desigualdades foi aproveitada pelo investigador Alves da Rocha, um professor de finanças públicas bastante crítico em relação à corrupção, para o lançamento da presente legislatura.
“Angola é dos países mais desiguais do mundo, assim dizem as estatísticas mundiais, estamos à cabeça. O último inquérito, embora discutível porque as taxas de pobreza nem sempre são lineares, diz que 60% da população vive com menos de dois dólares por dia. Como viverá o nosso compatriota num país com elevada inflação, na ordem dos 40 por cento?’’, questiona o académico.
Atento à necessidade de eleições autárquicas, o governador provincial, que falava momentos antes do apelo do bispo da Diocese de Benguela, admitiu que devem existir soluções para tantos problemas
“É por isso mesmo temos de reforçar as autoridades municipais para que este pleito decorra ainda no decurso deste mandato. Mas temos outros desafios gigantes, apesar das dificuldades. Temos dito que os problemas não existem, devem, isto sim, existir soluções’’, aponta Rui Falcão.