Quatro mortes e 500 detidos nos protestos de segunda-feira em Luanda. Cidade parada

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Imagem: Observador

Por LUSA| Dulce Neto| Observador

Os tumultos de segunda-feira em Luanda provocaram quatro mortes e mais de 500 detidos. Capital angolana está esta terça-feira mais calma, com as pessoas em casa, mas há focos de tensão.

Quatro pessoas morreram nesta segunda-feira na sequência dos tumultos violentos registados em Luanda e mais de 500 foram detidas na sequência dos atos de vandalismo e saques a lojas e bancos, durante a greve dos taxistas que contestam a subida do preço dos combustíveis. Os números foram avançados esta terça-feira de manhã pelo porta-voz da Polícia Nacional de Angola.

O subcomissário Mateus Rodrigues adiantou que os dados provisórios indicam também 45 lojas vandalizadas, além de agências bancárias, autocarros e viaturas particulares danificadas.

Esta terça-feira,  Luanda amanheceu sem a habitual agitação, com ruas vazias, comércio encerrado e ausência quase total de táxis e mototáxis, denunciando um cenário tenso após os tumultos registados na segunda-feira.

Na sequência da violência que marcou o primeiro dia da greve convocada por taxistas contra o aumento dos combustíveis, a capital angolana vive num estado aparentemente letárgico, como em dias de pandemia, constatou a agência Lusa em vários locais.

O silêncio domina as principais avenidas, onde normalmente circulam milhares de veículos e mototáxis, os meios de transporte mais usados pela população, mas a visibilidade da polícia, relatos de tiroteios e pilhagens e bloqueios de estradas revelam que a tensão permanece.

Nas redes sociais há imagens de problemas em vários locais da cidade, como na Mutamba e no bairro Sapu, por exemplo.

Estabelecimentos comerciais, bancos e diversas instituições mantiveram esta terça-feira as portas fechadas e muitas empresas optaram por colocar os funcionários em regime de teletrabalho, temendo pela segurança, após os episódios de pilhagem, barricadas e vandalismo ocorridos no dia anterior.

A Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA) tinha anunciado, há mais de 20 dias, uma paralisação pacífica entre 28 e 30 de julho, sob o lema “fica em casa”, para protestar contra a retirada dos subsídios aos combustíveis. No entanto, após negociações com o Governo Provincial de Luanda, a ANATA recuou, e na segunda-feira demarcou-se dos atos de violência e anunciou o cancelamento da greve. No entanto, a ANATA Luanda manteve a greve para os três dias previamente marcados.

Esta terça-feira, os populares “candongueiros” (táxis azuis e brancos) continuam parados e os serviços de transporte por aplicativo também não dão resposta à procura, segundo passageiros ouvidos pela Lusa.

Na segunda-feira, registaram-se confrontos violentos em vários pontos de Luanda, onde se ergueram barricadas com pneus em chamas, foram saqueadas lojas e agredidos automobilistas.

O ambiente continuou agreste durante a noite, sobretudo em bairros periféricos como a Estalagem, em Viana, onde foram reportados disparos e ataques a viaturas por grupos de jovens em fúria.

Esta terça-feira, continua a ser visível o reforço policial nas ruas, com presença de viaturas militares em pontos estratégicos.

Os protestos violentos ocorrem num contexto marcado pela recente subida dos preços dos combustíveis, após o corte gradual dos subsídios estatais, medida que tem gerado forte contestação social em todo o país.

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