Antigo PR do Botswana relata maus-tratos após ser retido no aeroporto de Luanda
Fonte: Club-k.net
Luanda – O antigo Presidente do Botswana, Ian Seretse Khama, impedido de entrar em Angola nesta quinta-feira, 13, no Aeroporto de Luanda, foi finalmente libertado pelas autoridades locais. Durante uma conversa com representantes parlamentares angolanos que o receberam, Khama relatou os maus-tratos sofridos, incluindo um período de oito horas retido sem acesso a alimentação ou qualquer tipo de assistência. O estadista revelou ainda que, antes de viajar, informou o Ministério das Relações Exteriores do Botswana sobre a deslocação a Angola, na expectativa de que este comunicasse as autoridades angolanas.
Em protesto contra a situação, Ian Seretse Khama anunciou que regressará ao Botswana na sexta-feira, 14, desistindo de participar na conferência internacional da IDC, programada para Benguela. O antigo Presidente da Colômbia, Andrés Pastrana Arango, que enfrentou circunstâncias semelhantes, tomou a mesma decisão de regressar ao seu país.
Entretanto, o antigo candidato presidencial de Moçambique Venancio Mondlane e o Vice-Presidente do Senado do Quénia, Edwin Sifuna, foram deportados.
Até o momento, as autoridades angolanas não se pronunciaram oficialmente sobre os acontecimentos. Contudo, um panfleto atribuído ao Gabinete de Ação Psicológica da Presidência da República responsabiliza a UNITA pelo incidente. De acordo com o documento: “A UNITA cometeu um erro gravíssimo ao convidar figuras diplomáticas para a sua celebração de 59 anos sem o aval do Executivo. Essa atitude não só desrespeita a hierarquia do Estado, como também coloca em risco a segurança e a estabilidade do país. O Governo Angolano merece respeito, e a UNITA falhou ‘as usual’ de forma vergonhosa, ao ignorar os procedimentos legais. É hora de o partido entender que, sem respeito pelas instituições, não há espaço para atitudes irresponsáveis.”
Em resposta ao sucedido, o Bloco Democrático manifestou o seu veemente repúdio pela atitude dos Serviços de Migração e Estrangeiros, alegando que a decisão de impedir a entrada de várias personalidades africanas e internacionais no país foi tomada “seguramente por ordens superiores”.