Presidente da FAF Alves Simões nomeia secretário geral condenado por corrupção

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A recente nomeação de Mário Baptista da Rocha para o cargo de secretário-geral da Federação Angolana de Futebol (FAF) pelo novo presidente, Fernando Alves Simões, trouxe à tona um passado que o desporto angolano parecia querer deixar para trás. O dirigente, condenado em 2014 por corrupção activa enquanto vice-presidente do Sport Luanda e Benfica, volta ao centro das decisões, levantando questões sobre a ética e a credibilidade no futebol nacional.

A decisão consta de um despacho datado de 6 de Janeiro deste ano, revelado pelo portal Club-K, e foi assinada por Alves Simões, eleito presidente da FAF a 30 de Novembro último. A escolha de Mário Rocha, uma figura marcada por um escândalo que chocou o desporto angolano, parece ignorar a necessidade de uma gestão que inspire confiança e respeito à verdade desportiva.

O histórico de Mário Rocha remonta ao infame episódio de 2014, quando foi condenado, juntamente com outro dirigente do Benfica de Luanda, por ter subornado a árbitra Maximina Bernardo com 9.200 euros. O montante, transferido sob a designação de “operação de charme”, visava garantir um resultado manipulado em benefício da sua equipa no Girabola, o principal campeonato de futebol de Angola.

Segundo o comunicado emitido pela FAF à época, os factos foram amplamente comprovados por e-mails comprometedores, depósitos bancários em nome da árbitra e declarações constantes nos autos. O Conselho de Disciplina da FAF aplicou, então, uma suspensão de seis anos aos envolvidos, salientando que os actos atentaram contra a verdade desportiva, o princípio da legalidade e as regras do jogo.

Passados quase dez anos, a nomeação de Mário Rocha para um dos cargos mais estratégicos da FAF surge como um retrocesso para o futebol angolano. Numa altura em que a federação enfrenta desafios cruciais, como a profissionalização da modalidade e a restauração da confiança pública, a inclusão de uma figura com um histórico manchado por corrupção gera críticas de vários sectores.

Enquanto secretário-geral, Rocha terá a responsabilidade de implementar políticas e assegurar o cumprimento das normas desportivas, uma função que exige ética irrepreensível. Contudo, a sua presença pode minar a credibilidade das decisões da FAF e colocar em causa os esforços de promoção da transparência no futebol.

 

A nomeação também lança um olhar crítico sobre a liderança de Alves Simões, que prometeu uma gestão transformadora e alinhada com os mais altos padrões éticos. Para muitos, a escolha de Mário Rocha representa uma contradição flagrante. Como pode uma federação que deveria promover a integridade desportiva associar-se a alguém que esteve no centro de um dos maiores escândalos de corrupção do futebol angolano?

A decisão de Alves Simões não só reacende a memória de um período obscuro, como também levanta dúvidas sobre o compromisso da nova direcção com a transparência e a renovação que o desporto nacional tanto necessita.

O retorno de Mário Rocha à FAF é um teste para os princípios de justiça e verdade desportiva que deveriam nortear o futebol. Enquanto os adeptos e outros agentes desportivos aguardam por acções que resgatem a confiança na instituição, esta nomeação parece representar um golpe na credibilidade do órgão que regula o desporto-rei em Angola.

O futebol angolano, já marcado por inúmeros desafios, não pode dar-se ao luxo de carregar o peso de decisões que perpetuam a sombra da corrupção. Resta saber se a sociedade civil, os clubes e os próprios jogadores se posicionarão contra uma escolha que, para muitos, desrespeita os valores do desporto e do fair play.

Club-K

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