Huíla: Trabalhadoras de limpeza do Memorial de Cassinga na Jamba não recebem salários há dez meses

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As trabalhadoras de limpeza do Memorial de Cassinga, instituição afecta ao Ministério da Defesa Nacional, um empreendimento de iniciativa presidencial, na província da Huíla, denunciam que estão há dez meses, sem receber salários, situação que segundo lamentam, tem agudizado a condição social das suas famílias.

Da parte do Ministério da Defesa Nacional, o contrato com as referidas trabalhadoras terá sido feito pelo Tenente Coronel, identificado apenas por Kuendy, a quem coube o recrutamento das senhoras da limpeza, e segundo apurou o Club-K, por conta da pressão, que  tem sofrido nas últimas semanas por parte das trabalhadoras, o oficial superior das Forças Armadas Angolanas (FAA), nunca mais apareceu no memorial deixando as senhoras entregues a sua sorte.

São sete trabalhadoras, que afirmam não auferirem os seus ordenados desde Fevereiro deste ano. “Somos camponesas, que tivemos que abandonar o campo para nos dedicarmos aqui no trabalho, mas infelizmente também não ganhamos nada”, lamentou uma das trabalhadoras, que fala em dias difíceis para manter o sustento dos filhos.

A chefe das trabalhadoras, que se encontra na mesma condição, contou que foram contratadas pelo oficial “Kuendy”, Tenente Coronel das Forças Armadas Angolanas (FAA), no dia 7 de Fevereiro, altura em que começaram a trabalhar sem receber nenhum salário passados dez meses.

Disse ainda que, durante o processo de contratação, o Tenente Coronel garantiu a cada senhora ao pagamento de um salário mensal de 50 mil kwanzas, “mas até agora não vimos nada nenhum dinheiro, só nos manda aguardar com a promessa de que o Estado já vai resolver a nossa situação”, contou ao Club-K, acrescentando que “nunca nos foi mostrada a tabela salarial, por mais que solicitamos”.

O Club-K contactou ao telefone o porta-voz do Ministério da Defesa Nacional, Tenente General “Alemão”, que sem entrar em detalhes esclareceu que “é um assunto local que deve ser tratado localmente com a direcção do Memorial da Cassinga”.

Contactos foram feitos para ouvir o Tenente Coronel das FAA, “Kuendy”. Ao telefone, o oficial superior das Forças Armadas Angolanas confirmou o atraso dos salários e remeteu a resolução do problema ao Ministério da Defesa Nacional. “O Ministério está a tratar disso”, disse.

O Coronel “Kuendy” negou que tenha sido ele o responsável pela contratação das trabalhadoras de limpeza, esclarecendo que foram recrutados pelo Ministério da Defesa, que segundo o oficial, “é esta instituição que deve pagar os ordenados das senhoras”.

Recorde-se que o Memorial é um projecto assumido pelos Governos de Angola e da Namíbia, nos últimos cinco anos, que visou erguer dois monumentos nas localidades de Cassinga, na Huíla, e Chetequera, no Cunene, para homenagear as vítimas do massacre do exército sul-africano a um campo de refugiados namibianos.

Os governos de Angola e da Namíbia assumiram na capital namibiana, o compromisso de erguer nos próximos tempos dois monumentos nas localidades de Cassinga (Huíla) e Chetequera (Cunene), para homenagear às vítimas do massacre de Cassinga perpetuado pelo exército sul-africano contra um campo de refugiados namibianos.

O ataque de Cassinga, que teve início a 04 de Maio de 1978, foi a segunda grande operação militar do então exército racista da África do Sul em Angola, depois da “operação savana”. Para além do campo, a acção visou ainda a delegação da SWAPO em Chetequera, no interior de Angola.

Ao massacre de Cassinga, que vitimou milhares de cidadãos namibianos e também angolanos, o regime de apartheid chamou-lhe “Operação Reindeer”. “Reindeer” que significa rena, mamífero frequente na América do Sul, conhecido por caribú.

Cassinga era uma zona por onde passavam os refugiados como aqueles que escapavam do regime racista do apartheid vigente no Sudoeste Africano (actual Namíbia).

Club-K

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