Lunda-Norte: Segurança privada MUAPI mata a tiro dois garimpeiros no Capenda-Camulemba

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Dois homens de 23 e 23 anos, que respondiam pelos nomes de Fininho e Elias Rafael, respectivamente, foram mortos a tiro na tarde do dia 22 de Outubro, por supostos agentes de segurança da empresa privada MUAPI, AS, que protege a Sociedade Mineira de Txissema e o Projecto Milando, que exploram diamantes no município de Capenda-Camulemba, na província da Lunda-Norte.

Segundo relatos de testemunhas que terão escapado da acção dos efectivos de segurança, um grupo de garimpeiros foi surpreendido na localidade de Kazombo, perto da Aldeia de Cangola, no Muxinda, numa zona de exploração artesanal de diamantes pelos seguranças da referida empresa, que indiscriminadamente disparou à queima-roupa contra os cidadãos, na sua maioria jovens, que encontram no garimpo a sua fonte para a sobrevivência.

Além das duas vítimas mortais, o presumível segurança da empresa MUAPI, SA, pertencente ao empresário angolano Adolfo Muteba, cuja missão foi comandada pelo agente identificado apenas “Cala Serra 2”, chefe da segurança MUAPI,  que protege a Txissema, atingiu igualmente outros três garimpeiros, que se encontram gravemente feridos. O facto provocou revolta da população local que de seguida se insurgiu contra os seguranças.

Outra testemunha descreveu que, os efectivos da empresa de segurança MUAPI, SA, quando chegaram no terreno, começaram a intimidar e ameaçar os garimpeiros e ao ponto de brigar, e por falta de entendimento, a segurança e os populares, brigaram e durante o desentendimento houve espancamentos de dois segurança, que segundo relatos, ficaram feridos.

“Depois da briga, os seguranças MUAPI com a fúria, tendo montado cilada na estrada 230 nas mediações da ponte sobre o rio Txissema, começaram a fazer muitos disparos, que atingiram mortalmente dois cidadãos angolanos”, contou.

Outra denúncia vem do Bairro Maludi, no município Nzaji, onde um agente de segurança privada “Kadyapemba”, que em português significa “demônio”, disparou mortalmente contra um homem, que transportava meios de garimpo numa viatura de marca cânter, enquanto circulava na zona de exploração, que supostamente pertence à empresa Chitotolo.

O Decreto sabe que o efectivo implicado já se encontra a contas com as autoridades do Comando Municipal da Polícia Nacional.

Para os activistas dos direitos humanos, a falta de um pronunciamento do Presidente da República de Angola, João Lourenço, do Ministro do Interior, do Ministro da Justiça e dos Direitos Humanos sobre alegados casos de assassinatos de civis na Lunda-Norte, eleva o sentimento de impunidade das empresas de segurança privada que protegem as empresas mineiras de “grandes poderosos no país”.

“As referidas empresas de segurança continuam a torturar, espancar e assassinar civis em hasta pública por causa dos diamantes, esses abusos que há muito essas empresas cometem têm vindo a configurar crime contra humanidade e tem desrespeitado gravemente os direitos humanos”, lamentou o activista Jordan Muacabinza.

O defensor dos direitos humanos lembrou que, num período de quase um ano, os efectivos da empresa de segurança MUAPI, SA, “mataram três cidadãos garimpeiros junto das minas de diamantes, tudo sob o silêncio do Executivo angolano”.

“Se explorar diamantes é crime, trasladem as terras, os rios com diamantes para a cidade alta, de modo a garantir o direito à vida, e a segurança dos populares das áreas engajadas”, disse.

Último caso aconteceu no dia 14 de Outubro no Xá-Muteba

A 14 deste mês, a empresa MUAPI foi acusada de ter baleado pelas costas um jovem garimpeiro de 24 anos. A empresa, segundo informações dignas de crédito, pertencente ao empresário Adolfo Pinto Muteba, considerado como o “homem forte” do ministro do Interior, Eugénio Laborinho, no município do Xá-Muteba.

A vítima que sobreviveu dos disparos responde pelo nome de Manegna Romeu e tinha sido encontrada numa zona de exploração artesanal de diamantes, na localidade de Kavuba.

Na altura, Manegna Romeu contou que o seu grupo foi surpreendido pelos seguranças da mesma empresa do Adolfo Pinto Muteba – “homem do boss Eugénio Laborinho”.

Fonte: O Decreto

Radio Angola

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