Redução da Taxa de IRT só vai gerar vantagens sociais – Salvador Ramos

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Reconheçamos que a gestão do actual executivo revela uma maestria e pleno domínio da jogada do xadrez. Em meio a tantas contingências económicas e financeiras que compromete o poder de compra dos angolanos, o Executivo, como se a retirar a última cartada da cartola, decidiu, para o próximo Orçamento Geral do Estado alargar a base de incidência de isenção para pagamento do Imposto Sobre Rendimento de Trabalho para até Akz 100.000,00, o que certamente, em termos teóricos vai gerar um alívio para as famílias, vai proporcionar aumento do poder de compra, permitindo fazer face a alta da taxa de juros.

Como é apanágio de quem lidera, propicia-se uma alegria de pouca dura, sob forma de bálsamo para atenuar as fortes dores que hão de vir. Para quem se presta a compreender a fundo o alarido de uma decisão que só mostra o lado de uma moeda, causando um direcionado barulho sobre os seus ganhos e benefícios, pode alcançar que no mesmo documento foi previsto o aumento dos preços dos combustíveis e da electricidade.

O Executivo prevê para o próximo ano retirar os subsídios operacionais para a cobertura de combustíveis – JET B e Gasóleo, consumidos essencialmente nos terminais de produção térmica explorados pela PRODEL. A urgência da medida resulta também do facto da Refinaria de Luanda ter deixado de produzir JET B, que é um tipo de combustível que serve para abastecer as turbinas termo-eléctrica da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade.

No fundo, o aligeirar dos impostos não vai propiciar folga nas despesas das famílias mais carenciadas, antes vai agravar o custo de vida, aumentar a taxa de desemprego e deteriorar as condições sociais.

Mas, em boa verdade, este quadro de acertos das contas do Estado que se quer sustentável e o agravar das condições de vida das famílias vai promover uma consciência de gestão e controlo das finanças familiar, uma cultura de fazer contas antes de comprar, pesquisar preços e procurar as melhores ofertas no mercado.

Desta forma, nos próximos tempos passaremos a assistir um aumento considerável da procura pelos produtos do campo por se mostrarem mais saudáveis e baratos, maior opção pelos mercados informais e o engendrar de novas formas de compra que beneficie os compradores a retalho.

Devíamos aproveitar a externalidade negativa destas medidas para adopção de políticas sociais e ao nível do ensino para actualização dos planos curriculares, permitindo que as crianças, logo na tenra idade comecem a ter consciência sobre o uso inteligente do dinheiro.

Radio Angola

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