Feirantes manifestam-se contra à administradora do Kilamba-Kiaxi no caso “Feira da Liberdade” no Golfe2
Mantém-se o braço de ferro entre a cidadã Cecília Xavier, que alega ser proprietária do espaço onde funciona há sete anos, a “feira da liberdade”, no Golfe 2, e a Administração Municipal do Kilamba-Kiaxi, em Luanda, na pessoa da sua titular, Naulila André.
A cidadã Cecília Xavier afirma ser proprietária do terreno, onde desde 2017 gere o “mercado”, que disse ter criado por si nos últimos anos, sem ajuda de qualquer instituição do Estado, pelo que não entende as motivações da actual administradora, Naulila André, que tudo faz para retirá-la do local e da gestão.
Na manhã de terça-feira, 31, dezenas de feirantes protestam em frente ao mercado contra a “ocupação” da administração local, que na semana passada “correu” com os 21 funcionários controlados pela dona Cecília.
Os vendedores concentraram-se nas primeiras horas para exigir a reabertura do espaço que se encontrava fechado, uma vez que a senhora Cecília Xavier, devido à falta de uma resposta satisfatória da administração, decidiu encerrar conforme a acção directa intentada pelo seu advogado.
Segundo os feirantes, Cecília Xavier “é a única conhecida”, pois dizem “foi ela que nos tirou da rua para nos colocar num sítio seguro onde diariamente ganhamos o pão para o sustento das nossas famílias”, disse ao Club-K uma das senhoras que se manifestava “insatifeita” com o comportamento da administração do Kilamba-Kiaxi.
“Queremos tia Cecília, não queremos a senhora administradora na feira”, gritavam os feirantes com os cartazes em mãos.
No local, conforme constatou o Club-K, a Polícia Nacional foi accionada e deteve por alguns minutos o presidente da Associação de Defesa dos Vendedores dos Mercados Informais (ADVMI), Óscar Cristovão, leançou gás lacrimogénio que causou o desmaio de uma senhora em estado de gestação.
O responsável lamentou a actuação dos agentes da polícia, que o detiveram pelo facto de estar a defender a causa da associada e dos vendedores do mercado informal instalado na Avenida Comandante Loy, em Luanda.
Cecília Xavier, 60 anos, apela ao governador de Luanda, Manuel Homem, a intervir no caso com vista a travar aquilo que entende ser excessos da administradora do Kilamba-Kiaxi, Ana Lina Andréia, aquém a população acusa de “estar preocupada apenas com os mercados para tirar proveito pessoal”.
“Trabalhei com todos os administradores que já passaram no Kilamba-Kiaxi, e nunca fui tirada, por isso não é a Naulila André que vai me tirar do espaço”, disse.
Entretanto, no sábado, 28, após a publicação da matéria por este portal, a Administração do Kilamba-Kiaxi, reagiu à notícia argumentando que a matéria continha imprecisões, deturpações e falsidades, que atingem a dignidade e afecta a idoneidade e perfil moral da visada Dra. Naulila André, Administradora Municipal do Kilamba Kiaxi.
No comunicado enviado ao Club-K, a administradora do Kilamba-Kiaxi esclareceu que o terreno onde funciona a “feira da liberdade”, foi tornado público no momento em que estava a ser construída a Avenida Pedro de Castro Van-dúnem Loy, tendo existido um processo de expropriação e justa indemnização.
“Logo não é possível existir outro proprietário que não seja o Estado angolano, e mais, pela localização do terreno em causa (entre a Avenida), classifica-se por terreno não concebível, por encontrar na esfera pública do Estado, segundo o art. 19 n° 2 e 7, da lei n° 9/04, de 9 de Novembro- Lei de terras”, lê-se.
De acordo com o documento, “se de facto fosse proprietária como alega, a senhora Cecilia Xavier nunca teria aceite a nomeação de coordenadora adjunta da feira, isso mostra claramente a vossa campanha de intoxicar os cidadãos com difamações e aldrabices”, reforçou.
Cecília Xavier disse aos órgãos de comunicação social que em nenhum momento foi indemnizada pelo Estado angolano, nem mesmo quando construída a Avenida “Comandante Loy” e posteriormente a colocação da pedonal dentro da feira pelo Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA).
O mercado acolhe cerca de 600 feirantes com uma arrecadação mensal que ronda entre um milhão a um milhão e trezentos mil kwanzas.
Ao fim da tarde e princípio da noite de terça-feira, 31, o comandante municipal da Polícia Nacional voltou a mobilizar patrulhas e um número considerável de efectivos, para impedir que as portas da feira voltem a fechar pelas “mãos da proprietária”, que garante continuar na gestão do espaço.