Organização Friends of Angola exige responsabilização dos implicados no massacre de Cafunfo
A Friends of Angola condenou os massacres ocorridos no passado sábado, 30 de Janeiro, na localidade de Cafunfo, município do Cuango, na Lunda-Norte, em que os últimos dados do movimento, apontam até ao momento para 21 mortos, em consequência dos disparos de armas de fogo por parte de efectivos da Polícia Nacional (PN) e das Forças Armadas Angolanas (FAA).
Fonte: Rádio Angola
Em nota de repúdio a que a Rádio Angola teve acesso, a FoA – organização defensora dos direitos humanos, exige das autoridades angolanas a abertura de inquérito independente e imparcial, com o objectivo de levar à justiça “os responsáveis pela agressão no que diz respeito a direitos humanos universalmente reconhecidos”.
Na visão da Friends of Angola (FoA), nos actos ocorridos em Cafunfo, as autoridades locais “violaram direitos como à integridade física e à liberdade de expressão”, direitos segundo a organização, “claramente consagrados no Constituição da República de Angola e na Declaração Universal dos Direitos do Homem ratificada por Angola”, mas segundo a FoA, “estão a ser violados por autoridades que, por imperativo legal, deveriam ser as primeiras a respeitá-los”.
A Friends of Angola espera por outro lado que o Presidente da República, João Lourenço “abrace os valores democráticos, respeitando a liberdade de reunião e expressão dos cidadãos angolanos”.
A FoA, lembra que, convocada a manifestação pelo Protectorado Português da Lunda Tchokwe, para o dia 30 de Janeiro, em toda extensão do leste do país, deu-se inicio no dia 27 do mês corrente, uma série de perseguições e detenções dos activistas deste movimento com vista a intimidá-los e assim dissuadi-los a não realizar o acto.
O comunicado refere que a madrugada de 30 de Janeiro “ficou para sempre marcada pela onda de violência, carga de brutalidade e banho de sangue efectuado por efectivos das forças armadas e de segurança e tranquilidade pública contra cidadãos pacatos que face ao inconformismo perante as violações dos seus direitos e o incumprimento de promessas de melhorias nas condições de vida”.
No documento, a organização vai mais longe e avança que, a falta de oportunidade de acesso ao emprego e serviços básicos, apesar de ser uma das maiores produtoras de diamantes em Angola, constitui um dos motivos dos constantes descontentamento do povo da Lunda, que gozando dos seus direitos de manifestação e reunião garantidos na carta magna, “optaram pela via pacífica da manifestação para se fazer ouvir a sua reivindicação”.
“Este grande infortúnio, demonstra o retrocesso e o fracasso da nossa tão desejada democracia, e que culminou com a violação de direitos de cidadãos angolanos”, lê-se na nota de repúdio.
A FoA reconhece que, todos os cidadão angolanos e estrangeiros residentes, merecem ver os seus direitos e garantias observados e respeitados, de modo a preservar a vida, o bem-estar bem como respeitar a dignidade humana.
“Acreditamos veemente que o alcance e o exercício pleno de uma verdadeira democracia, são determinados também pela liberdade de expressão e manifestação publica dos descontentamentos dos nacionais face a governação dos seus representantes”, refere a FoA.