Uma interpretação errónea que influencia banho de gente – Pedro Kiala

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A Comissão multissectorial para o controlo e combate ao coronavírus, no seu “briefing” diário respondeu a uma corrente de críticos que, nos últimos dias, tem estado a difundir a ideia de que algumas entidades que se deslocaram de Luanda para outras províncias, durante o estado de emergência, fizeram-no à margem da Lei e do necessário.

Para tal, esta comissão utilizou, diga-se, o seu porta-voz, no sector de defesa e segurança, para esclarecer que tal entendimento não passa de uma interpretação errónea, mas que, infelizmente, apesar disso, influenciou banho de gente distraída.

Dentre os interpretes imprecisos que compõem a corrente citamos o “antigo” Jornalista, Ilídio Manuel que, após tais esclarecimentos, na noite de quinta-feira 21, a sua reacção não se fez esperar, fazendo recurso à sua página do Facebook, pensamento partilhado, lamentavelmente, por outros integrantes da corrente errónea.

E o que disse, erradamente, Ilídio Manuel?

O pronunciamento do jovem foi feito fora do contexto e sem justificativa – a não ser que o tenha feito com o objectivo único de atingir pessoas determinadas, como, aliás, tem feito, nos últimos dias.

Não faz sentido, porque o que a comissão fez, na quinta-feira, 21 de Maio do ano 2020, foi dizer as pessoas, aos críticos, fundamentalmente, que é necessário compreender que nas forças de defesa e segurança existem níveis de actuação.

O Ministro do Interior e o Comandante geral da Polícia Nacional apesar de actuarem no mais alto nível (nível estratégico) devem fiscalizar a execução das orientações que baixam. Por essa razão e no caso do estado de emergência, a suspensão da circulação não se lhes coloca. É assim em toda a parte do mundo. Aliás, se aos seus inferiores hierárquicos, em serviço, não se aplica, a eles que orientam, fiscalizam não se pode exigir o contrário.

Se as fronteiras devem manter-se encerradas, há que, obviamente, colocar lá forças e meios e, no caso, há que viver por perto o sacrifício daqueles que lá passam dia e noite. É assim que questionar as deslocações do Ministro do Interior, do Comandante-Geral e outras entidades com responsabilidades, como os outros ministros que foram citados, é revelar desconhecimento da realidade do País e da dinâmica administrativa do aparelho responsável na continuidade da actividade essencial, em tempo de emergência.

É isso que a comissão, na pessoa de quem fala em nome dela, disse.

Por outro lado, a mesma corrente que tem à testa Ilídio Manuel peca ao não conseguir separar pronunciamentos corporativos, no caso, da comissão multissectorial, a do individual. Peca porque Ilídio Manuel, infelizmente, atribui a responsabilidade a uma pessoa que, como sabemos e ele deveria saber, também, é apenas o canal de transmissão das decisões do grupo de trabalho. Portanto, chamar de bajulador um porta-voz é uma compreensão medíocre e não apreciável.

Enfim, serviços como do fornecimento da água, de energia, agricultura, industria e defesa e segurança não pararam, em momento algum, logo, os seus operadores, independentemente dos níveis, de igual forma, não pararam o que deita por terra as críticas subtis feitas pelos “analistas de serviço”, como é o caso do “antigo” jornalista Ilídio Manuel.

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